segunda-feira, 28 de março de 2011

Bem-Vindos a Bolha VI

Essa é sem dúvida a maior série de textos que tenho escrito, mas isso se deve por estar a muito tempo com essas coisas engasgadas na "goela", além de estudos que tive ano passado. Bom, vamos seguir com os resultados da bolha.
O que é uma bolha? No caso de uma fervura, é um conjunto de moléculas de ar em estado gasoso que está imerso em água e que por ser menos densa, tende a subir para o ar; no caso de sabão, é uma camada de sabão que isola uma quantidade de ar que é posta dentro dela.
Há uma semelhança grande entre ambas as formas de bolhas apresentadas: ambas tendem a separação, de uma forma ou de outra. Não tenha dúvida que é disso mesmo que falo quando digo que a igreja tem se colocado em uma bolha. Uma bolha que tem mais atrapalhado do que ajudado o crescimento da igreja.
A Igreja tem cada vez mais, se fechado ao mundo, de várias maneiras: no modo de se vestir, no "dialeto" que fala, em programas que só alcançam pessoas que já tem fé, pois geram repúdia dos não crentes, por programações feitas visando o "rebanho", através de medidas em seus seminários que bitolam os alunos em uma série de dogmas e os cegam da realidade, através de julgamentos sobre os outros entre outras coisas.
Muitas vezes, como já foi dito no segundo post (acho) por inocência ou desejo de se proteger, mas tantas outras vezes, como fruto de uma indústria e pastores que querem esse isolamento para poder lucrar e explorar pessoas.
O mundo atual nos instiga a pensarmos, a buscarmos novas opiniões sempre, mas isso não é interessante para quem domina, pois quanto mais a pessoa pensa, mais difícil é controla-la. E para quem quer explorar a fé, nada melhor do que criar a ideia de que se fechar do mundo, viver numa bolha onde só se fala de Jesus, muitas vezes sem nem usar a bíblia, é melhor, pois está falando de Jesus.
Vou ficar por aqui neste, porque estou ficando irritado ao escrever essas coisas e vou acabar falando algo que possa me arrepender depois. No próximo, vou comentar ante a bíblia esse isolamento.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Bem-Vindos a Bolha V

Vamos então falar de gospel! Quando penso nessa palavra, a primeira imagem que me vem na cabeça, é um coral de negros da igreja batista sulista dos EUA, tipo o da Vovó...zona. Aqueles solistas com vozes incríveis, e um coral sempre animado e que canta as músicas do fundo do coral com toda a sua animação.
Essa visão, apesar de ser fruto de um estereótipo do cinema, não é de todo errada, pois o gospel realmente se originou com os negros, desde os escravos, até as igrejas de negros livres. Não vou me ater muito aos fatos históricos do gospel no EUA, pois meu enfoque é mais no Brasil mesmo, mas se você quiser ler um pouco mais sobre essa história, pode ver no Dotgospel.com.
Agora no Brasil a história é diferente. Esse termo gospel, não tem absolutamente nenhuma relação com nosso país, ele foi importado para cá através de algumas gravadoras que queriam arrumar um jeito de aumentar seus lucros. Como a música gospel é uma música cantada nas igrejas, toda e qualquer música que fala de Jesus, acabou sendo classificada como gospel nas terras tupiniquins.
A música cristã, sempre era classificada pelo estilo: samba, coral, MPB, só tinha um enfoque cristão, mas não era segregada das outras, até porque era pouco conhecida também. Depois da criação do termo gospel no país, a música "evangélica" ficou toda junta em um pacote único para o mercado; todos os estilos se falassem de JC eram rotulados como gospel. Por um lado, isso gerou uma facilidade para quem buscava músicas com conteúdo cristão, mas em contraponto, ajudou a uma padronização da música além de afastar de certos ouvintes (que rejeitavam “crentes”) bons músicos simplesmente por serem "gospel".
O problema com o termo, a meu ver, é a importação feita para apenas fortalecer uma indústria, mas seguiremos em um novo texto, vendo alguns efeitos de tudo isso que foi colocado até aqui. Não percam.

terça-feira, 22 de março de 2011

Bem-Vindos a Bolha IV

Seguindo sobre nossa "amada" indústria, vamos ver um pouco como ela funciona: alguém faz uma música que agrada a um público. Alguns caras com dinheiro veem nessa música e nesse estilo uma maneira de ganhar dinheiro, então começam a lançar vários nomes que sequem exatamente aquele modelo que fez sucesso, o que chamamos de stander. Mas passado algum tempo, o comprador se cansa de só ter aquele padrão de produto, então sempre são lançados novas modas e standers, criando assim uma gama de opções para o consumidor. Com toda essa variedade, a pessoa sente que pode escolher o que gosta, não algo imposto a ela, além de ter outras coisas para ouvir, fazendo com que não se canse de um gênero específico.
Mas a parte mais cruel do "bum" da indústria gospel foi com certeza o imenso número de famosos que vendo o potencial do mercado, se "converteram". Diversas pessoas da mídia diziam crer em Jesus e que haviam se tornado evangélicos. Entretanto as atitudes de muitos eram totalmente opostas ao que estavam pregando, muitos viviam até pior do que antes dessas declarações, enquanto seus CDs e produtos lotavam as prateleiras de livrarias evangélicas (naquele tempo ainda não eram gospel).
Depois de algum tempo ficou claro para muitos a hipocrisia de tantos, o que gerou em várias pessoas um desprezo pela fé que dificilmente será tirado de seus corações, além de uma ideia de que os "crentes" não eram mais tão confiáveis como eram outrora.
Na sequência vamos saber um pouco sobre o porquê da adoção do termo gospel.

domingo, 20 de março de 2011

Bem-Vindos a Bolha III

Esse deve ser um dos mais polêmicos textos que vou escrever, da série não tenho dúvida, pois pode parecer que estou julgando as intenções de algumas pessoas e você pode se lembrar de alguém que gosta e achar que estou falando dessa pessoa, mas a verdade tem que ser dita e é o que farei.
No texto anterior falei um pouco sobre um motivo interno da igreja que pode levar seus membros ao isolamento em seus "clãs gospel", já nesse o assunto é mais em baixo, algo muito sujo, diria até maligno que ronda o mundo da fé: a indústria gospel.
Lembro que na minha infância existiam poucos CDs de música cristã (era assim que chamávamos naquela época), pois o mercado era pequeno e poucas eram as gravadoras também, além de uma seleção que havia do publico quanto a músicas de caráter e teologia questionável, mas com o passar dos anos, houve uma popularização tanto do "movimento evangélico" através das igrejas pentecostais, que chegaram a lugares onde as tradicionais não costumavam alcançar, como também dos equipamentos de áudio, através do crescimento da economia que possibilitou uma importação mais barata e fácil.
A partir de uma popularização da fé evangélica, surgiu uma grande demanda de materiais cristãos, o que para alguns empresários significava uma grande chance de lucrar. Começou então a haver um "bum" de CDs, livros, camisetas, marca páginas etc. Algumas marcas e personagens que sempre tiveram enfoque evangelístico foram parar na mão de empresários que os transformaram em marcas lucrativas.
Com a entrada de muitas pessoas no mercado consumidor, começou-se a priorizar cada vez menos a qualidade e o conteúdo de músicas e mais a produção em massa. Assim como no mercado comum de arte. Cada vez as músicas eram mais "pré-ouvidas", os livros "pré-lidos". Uma "arte" que não acrescenta nada ao indivíduo, algo que vem mastigado dentro de um modismo.
Cada vez mais a indústria aproveitava a moda: a igreja do momento é a do bispo E, então era um tremendo marketing em cima da igreja e das músicas deles; amanhã será a do pastor Y, já se criava o terreno pra poder ganhar em cima dele também. E assim a indústria gospel se torna uma máquina muito rica.
Ainda há muito que falar sobre isso, mas como o texto já está longo. Continuo na próxima postagem.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Bem-vindos a Bolha II

No último post comentei sobre uma bolha que costuma prender alguns crentes nas igrejas. Neste, irei comentar um pouco sobre como ela funciona e algumas das principais causas dela.
Imagine uma pessoa que acaba de se converter. Esta pessoa vê que tinha muitas coisas em sua vida que eram nocivas a ela. Então vai buscar se livrar delas. E do outro lado, vem a igreja dizendo que tudo que é do "mundo" é pecaminoso e mal, não existe nada de bom na humanidade, que a pessoa deve buscar só o que é de Jesus. Nosso amigo com certeza ira se livrar de todos os seus CD's, suas revistas, livros e qualquer coisa que possa ter que não seja ligada a Deus. Irá trocar seus CD's por CD's gospel, seus livros de pensadores por livros cristãos.
Não há problema algum em alguém gostar de música "gospel", querer ler livros teológicos, revistas cristãs ou coisas do tipo, não é isso que critico, mas sim o que geralmente ocorre: esse pessoal abandona toda e qualquer forma de cultura não "gospel" e adota uma cultura dita como certa, sem dar devida atenção a seu conteúdo a luz da bíblia, ou da sua qualidade. Aí que surgem tantos "rebolations da fé".
Muitas vezes, esse tipo de comportamento é gerado através de uma tentativa de defesa, pois há muitas coisas na sociedade que nos levam facilmente a cair, sem dúvida alguma, mas isso gera um efeito colateral: as pessoas ficam isoladas do mundo, fechadas dentro da bolha da igreja. Só transitam por ambientes "puros", só convivem com "irmãos", só consomem coisas de Jesus e só falam a língua da igreja.
O grande problema desta situação é que a igreja perde sua principal função: ser sal e luz no mundo, levar a palavra a toda criatura, pois está fechada em seu próprio mundo e com certeza, o mundo de uma igreja "bitolada" não atrai nenhum não cristãos para o seu interior. Porque deixar sua liberdade de fazer o que quer para entrar numa cadeia de fé e dogmas?
Continuamos discorrendo sobre esse tema no próximo texto.

terça-feira, 8 de março de 2011

Bem-Vindos à Bolha I

Achei a data de hoje extremamente propícia à postagem deste texto no qual venho pensando desde o ano passado, após ver um pacote de fraldas do Smilinguido. Geralmente no carnaval, as igrejas costumam fazer acampamentos (ou parte delas, como jovens, adolescentes). Acho que essa data é bem muito boa, por ser uma época do ano em que as pessoas geralmente estão fechadas a ouvir o evangélio. Penso assim muito por causa de minha visão racional ao extremo.
No carnaval buscamos nos fechar das coisas que são comuns dessa festa em busca de um relacionamento maior com os irmãos e com Deus. Acho muito bom e legal ter uma época para isso e acho o carnaval a época mais propícia a isso, mas não desse ponto que venho tratar em especial.
Estava eu na casa da minha vó no dia 31 de dezembro, quando ela me pede para comprar umas coisas na vendinha perto da casa dela. Fui e enquanto procura os produtos, me deparei com um pacote de fraldas do Smi. Essa visão desencadeou em mim um sentimento e uma reflexão que estava adormecida em mim.
Quando era pequeno, o Smilinguido era um personagem evangelístico, que aparecia em materiais com esta função. Gostava muito dele, mas depois de alguns anos ele foi refletindo para mim algo que acontecia com a fé: foi ficando comercial. Nossa formigamiga não estava mais estampando folhetos ou adesivos evangelísticos apenas, mas havia se tornado uma marca de "crente". É copo, caneca, toalha, caderno e por aí vai. Não estou querendo dizer que você não pode no seu caderno mostrar que é cristãos, não intendam errado. Mas cada vez menos ele cumpria sua função de evangelizar e tornou-se um símbolo de "crente".
Muitas vezes fazemos isso com as coisas da fé, como músicas, livros, revistas, roupas e tantas outras. É muito comum ver pessoas presas à fé. Isto mesmo, presas. Totalmente o oposto do que Jesus queria para nós. Muitos são, por suas igrejas, aprisionados numa "bolha" de proteção, que acaba alienando-os.
Como essa bolha funciona veremos no próximo texto. Não percam.